14 outubro, 2024

Manuscrito: Carta de Paulo Quintela a Artur Mirandela (8 páginas manuscritas)

Carta manuscrita e assinada de oito páginas de Paulo Quintela a Artur Mirandela, datada de Coimbra 25-II-49. [Meu caro Artur: O que me contas na tua carta da maneira como as autoridades se comportaram para convosco no caso da organização da sessão de propaganda é mais um facto, embora especialmente revoltante e descabelado, a juntar a tantos outros que se têm dado mais ou menos por todo o País. Bom é sabê-lo e notá-lo, uma vez que ele se deu. Mais revoltante porém - embora não tenha constituído nenhuma surpresa para mim - é a patifaria de que foste vítima por parte do Padre Amado. Tu conheces bem o meu modo de ver e de pensar acerca de tal pessoa: - Toda a sua acção é ditada apenas por um ódio cego a quem lhe tirou o penacho, e não há cinco réis de convicção séria ou de idealismo (em espírito de sacrifício nem é bom falar...) em qualquer dos seus actos. Não é com gente dessa nem para gente dessa que a 2.ª República se há-de fazer. Foram trastes desse que tornaram possível  a situação de 1926, e é por sua causa que nós temos vindo sofrendo estes longos 22 anos. Nem é de estranhar que eles façam coro com os homens da situação ao apodarem de "comunistas" as pessoas honradas que não estão dispostas a fazer o seu jogo ou a colaborar nas suas manobras. Como não conhecem escrúpulos, não recuam mesmo diante da calúnia e da difamação. Não te entristeças porém, nem desanimes agora....... Uma oposição que se não bate, seja em que circunstâncias for, é uma oposição acéfala, não tem o direito de existir. Uma coisa, pelo menos, é certa: - os povos democráticos do mundo olhar-nos-ão com desprezo, e considerarão que somos bem um povo de escravos e de menores em matéria de cidadania, merecedores quando muito da tutela "paternal" em que nos tem sido concedido vegetar há duas dezenas de anos...]. Muito interessante manuscrito. Peça de colecção.
€ 480,00

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